3 de setembro de 2012

"O dia em que o sol dormiu em minha casa"

 "Estou na minha casa, que deve ter uns 5m de extensão por 1m de largura, jogando futebol com meus netinhos como se estivesse em pleno Mineirão.
Minha fóvea está enviando para o córtex visual a imagem exata do gol no armário do telefone atrás deles, meus companheiros, mas o resto de minha retina capta a imagem pouco nítida dos dois cochichando e combinando como fazer a jogada próxima. A imagem focal, mesmo sendo a principal, não é mais interessante. Importa mais a visão desfocada que revela a conversa dos dois netos planejando, pois esta, sendo secundária, passa pelo córtex visual, vai às amigdalas, hipocampo onde é armazenada para uso futuro, alcança o sistema límbico para aumentar meu amor e vai, por fim, ao hemisfério cerebral direto ativar minhas divagações, criações, fantasias sobre aquelas doçuras que planejam com cuidado o jogo.
Assim, o que é secundário vira principal, como de resto sempre foi, pois assim é o amor de avô. Seguimos no futebol, eles sempre ganhando de 15x0, anulando meus gols e multiplicando meu amor e meus dias, pois cada partida que jogamos vale por mais 2 ou 3 anos de vida.
Mais tarde, todos suarentos e estafados deitamo-nos no sofá, assistimos alguns desenhos e...direto para as camas. Vou com eles, pois esta é a hora sagrada de contar as histórias que eles selecionam: "Não vovô, esta você já contou! Conta uma do gato, do rato e da vaca!"
E lá vou eu, contribuir com nossas fantasias, transbordante de amor e cochilando às vezes, sob protesto do mais velho, que é o último a dormir.
No dia seguinte comento com minha mulher e minha filha: esta noite o sol dormiu aqui em casa!"


Armando P. Carneiro

4 comentários:

  1. Carolzinha
    Que delícia de texto! Um colaborador muito mais que especial né?
    um grande beijo para esta família linda e talentosa :)
    Regiane

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  2. Oi Carol gata,
    lindo demais, que fofo esse avô talentoso e amoroso e com muita disposição, rsrsrs.... pra brincar com os pequenos, parabéns pra família linda que vc tem.
    Beijos
    Lola

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  3. Nossa Carol, seu pai escreve lindo demais. Sempre soube que ele adora brincar com os netos.Emocionante a decrição. Parabens para toda a familia.Beijos Monica

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  4. Carol, cada vez admiro mais seu pai! Que texto gostoso de ler! Lindo título!

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